28 de janeiro de 2012

As Moedas

"Disse Judas: Pequei, traindo sangue inocente.
Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo."

Mateus 27:4

Judas trancou a porta de seu quarto e sentou-se na beirada da cama.

Seu coração batia aceleradamente enquanto retirava o saco de moedas do bolso.

Apalpou as moedas, espalhando-as sobre a cama.

Como eram brilhantes!

Sorrindo, começou a contá-las freneticamente, embora já soubesse quantas eram.

1, 2, 3... 30!

Judas sorriu novamente.

Não que aquilo fosse uma fortuna, mas era o suficiente para se comprar uma casa e, quem sabe, outras coisas mais...

Durante alguns minutos, Judas sonhou.

(Sim, traidores também sonham!)

Sonhou com belas roupas.
Sonhou com belos móveis.
Sonhou com belas mulheres.

Até que, sem que ele conseguisse evitar, os sonhos foram substituídos por lembranças.

Lembranças de como havia conseguido aquele dinheiro.

30 moedas de prata em troca da vida de seu Mestre.

Judas sacudiu a cabeça, mas o rosto de Jesus não saía de sua memória.

Lembrou-se dos sermões. Das curas. Dos jantares. Do Amor.

E então olhou para as moedas. (Era impressão sua ou elas não eram tão brilhantes assim?)

Na hora em que beijara o rosto de Jesus, entregando-O à morte, aquele lhe parecera um ótimo negócio.

Agora, porém, de posse da "recompensa", Judas já não pensava da mesma forma.

As moedas não durariam para sempre.

As lembranças sim.

E a Culpa também.

A casa nova, as boas roupas e as mulheres o distrairiam, mas não serviriam para perdoá-lo.

Subitamente, o dinheiro deixou de ser uma Esperança para tornar-se uma Decepção.

Judas pensou que as moedas seriam seu Passaporte para a Felicidade, mas elas se tornaram Lembretes de seu Pecado.

Em suma, as moedas eram passageiras mas as consequências eram eternas.

Judas percebeu que não havia feito um bom negócio, afinal.

Trêmulo, colocou novamente as moedas no bolso e saiu correndo.

Falaria com os homens que lhe haviam pago.

Eram religiosos (viviam na igreja!) e certamente teriam alguma solução.

Poderiam dizer-lhe alguma coisa e purificá-lo de seu Pecado. Quem sabe (Judas sabia que estava sendo bastante otimista) Jesus não poderia ser solto?

Perdão e uma chance de recomeçar.

Isso era tudo o que Judas desejava naquele momento.

Em poucos minutos, chegou à porta da Sala onde seus "amigos" costumavam se reunir.

Encontrou-os gargalhando e brindando animadamente, comemorando a morte do tal Mestre.

Judas pigarreou e todas as cabeças se viraram instantaneamente para ele.

- O que você quer aqui? - Rosnou o Fariseu sentado à cabeceira da mesa.

"Que estranho!", pensou Judas, "Ele me tratou tão bem ontem!"

O que realmente ele estava fazendo ali? Nem ele mesmo sabia ao certo, mas sabia que precisava dar uma resposta:

- Bem, eu... - Não havia uma forma fácil de se dizer aquilo e Judas resolveu ser direto. - Eu percebi que pequei, pois traí um inocente.

Silêncio.

Judas esperou por uma resposta que, inexplicavelmente, não veio.

- Vim devolver as moedas. - Continuou Judas, colocando o saco sobre a mesa. - Não as quero mais.

Sentiu vontade de dizer "Quero meu Perdão de volta", mas se conteve.

Os fariseus se entreolharam e começaram a gargalhar.

Judas se pergunta do que estão rindo, até que um deles grita:

- E o que isso nos importa? Estamos nos lixando para o seu arrependimento! Isso é contigo!

Os religiosos voltam a conversar entre si, disputando quem assistirá a crucificação mais de perto, enquanto Judas ainda permanece à porta.

Lágrimas ameaçam rolar pela sua face, mas ele as contém.

Seu coração, antes acelerado, parece prestes a parar de bater.

Não lhe dariam Perdão. Não haveria recomeço.

Aqueles homens o haviam usado e agora o jogavam fora.

A lembrança de Jesus volta com nitidez ainda maior.

Por que não dera ouvidos aos Seus ensinos? Por que traíra alguém que lhe fizera tão bem?

Corroído pelo remorso, Judas se vai, sem se dar ao trabalho de pegar as moedas.

Ele sabe que não precisará mais delas.

Lentamente, ele tira um objeto de dentro de seu bolso.

Uma corda.

Ele a amarra numa árvore e enlaça-a em torno do pescoço.

Desta vez permite que as lágrimas rolem pela última vez.

Sorrindo amargamente, Judas se lembra das Promessas de Vida feitas por Jesus.

Ele, porém, escolhera a Morte.

Judas respira fundo.

E se enforca.

Ou, para ser mais exato, é enforcado.

Enforcado pela própria cegueira.

Enforcado por esperar do mundo o que só Jesus poderia lhe dar.

Enforcado por ter traído o Senhor da Vida em troca de míseras moedas.

Aquele foi o pior negócio de sua vida...



***

Assim como Judas, você tem feito maus negócios.

Tem perdido valores eternos por prazeres passageiros.

Tem buscado um Recomeço que parece estar a milhas de distância.

Tem pedido ajuda a quem não quer ajudar.

- Isso é contigo! - Disseram os fariseus.

O mundo ainda nos diz isso.

"Fique com seus Pecados!"

"Assuma as consequências!"

"Pague o preço!"

Você bem sabe o que é ser julgado.

Também sabe o que é errar e não poder voltar atrás.

Há algo, porém, que Judas não sabia:

Jesus vive.

As 30 moedas não O mataram, mas apenas serviram para que Ele nos salvasse.

E, ao contrário do mundo, Jesus diz:

- Isso é comigo!

Seus erros são d'Ele.
Seus pecados são d'Ele.
Seus traumas são d'Ele.

Abra bem os ouvidos agora:

Jesus pode pegar de volta as suas moedas!

Ele pode restaurar seu Passado.

Ele pode consertar suas Ações.

E, principalmente, Ele pode te dar o tão sonhado Recomeço.

Admita seus erros.

Jogue as moedas na mesa.

E vá até Ele.

- Isso é comigo. - Ele diz.

A responsabilidade não é sua.

O poder não é seu.

Sua é a Culpa, d'Ele é o Perdão.

Ele fará a Obra.

A você, cabe crer.

Nem pense na corda. Você não precisará dela.

Há uma solução para você.

E esta solução atende pelo nome de Jesus Cristo...

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