Eu, Formiga

Tudo estava bem.

Eu bebia meu café tranquilamente, até que ela apareceu.

Uma formiga, andando sobre a mesa.

Pousei a xícara e preparei os dedos.

Um forte peteleco estava a caminho.

Mirei na formiga e...

(Suspense)

Tive pena.

A coitada não estava me fazendo nada, então por que matá-la?

O meu tamanho permitia que eu a lançasse a metros de distância, mas minha misericórdia a poupou.

Travei meus dedos, continuando a tomar o meu café, enquanto ela se afastava lentamente.

E foi então que percebi que Deus havia acabado de falar comigo.

***

Já imaginou a visão que Deus tem de nós?

Assim como sou milhões de vezes maior do que uma formiga, Deus é infinitamente maior do que eu.

Eu não passo de uma formiga, suscetível a qualquer peteleco.

Basta um estalar de dedos e Arthur se evapora.

Ainda assim, eu continuo aqui, escrevendo este texto.

Continuo aqui porque Deus "recolheu os dedos".

Ele teve Misericórdia de mim.

Com Seu Poder Ele poderia me escravizar, mas preferiu me servir.

Ele poderia me matar, mas preferiu me perdoar.

Ele poderia me desprezar, mas preferiu me amar.

Finalmente entendi porque Deus criou as formigas!

(Sim, elas tem uma utilidade)

Elas servem como um lembrete de quem nós somos.

Elas servem para ilustrar a grandeza da Misericórdia de Deus.

Eu, um Grandalhão, não passo de um Tampinha.

E ela, Minúscula, não é muito menor do que eu.

Eu não tenho vergonha de admitir que sou uma formiga.

Na verdade, até gosto disso, pois posso estufar o peito e dizer:

- Sou a formiga mais amada do mundo!

Jesus não me dá petelecos e sempre permite que eu beba um pouco de café.

Apesar de minha pequenez, não corro riscos.

Ele me ama.

Seus dedos se unem apenas para me abençoar.

Entendeu, formiguinha?