Dois Ladrões, Duas Reações

"E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino."

Lucas 23:42

Uma terceira Cruz é erguida entre dois malfeitores e lhes chama a atenção.

Quem seria aquele novo companheiro de sofrimento? Algum assassino ou assaltante?

Alguns metros abaixo, soldados romanos riem do homem banhado em sangue.

- Sabe quem é esse? - Pergunta, zombeteiramente, aos ladrões um dos soldados. - É Jesus, o "filho de Deus"!

Mais gargalhadas ecoam pelo Gólgota.

Se aquele carpinteiro era Filho de Deus, por que não reagiu às chicotadas?

Os soldados se afastam, deixando Jesus no meio dos dois ladrões.

O Santo entre os pecadores.

Um dos ladrões (talvez o da direita), sem suportar as próprias feridas, decide aproveitar a ocasião para ferir alguém pela última vez:

- Ei, cara! - Grita, usando as últimas forças que lhe restam. - Se você é o Filho de Deus, desce da Cruz e nos salve!

Jesus o encara (com o mesmo olhar com que nos encara) e permanece em silêncio.

O outro ladrão (o da esquerda, suponho), ferido demais, decide não ferir ninguém.

Principalmente aquele Homem.

Por algum motivo, o ladrão enxerga algo de diferente naquele carpinteiro silencioso.

Brilho em seu olhar, Luz em seu rosto, Sabedoria em seu silêncio.

E, naquele instante, o bandido (o mesmo que assaltava velhinhas e batia em crianças) se enche de compaixão.

E, desprezando o escárnio, ele opta pela Adoração.

- Mesmo morrendo, você não teme a Deus? - Grita ele, repreendendo o amigo da Cruz ao lado oposto. - Nós merecemos estar aqui, mas esse Homem não fez nada!

Por favor, imagine esta cena com todo o cuidado e capricho que são devidos.

Jesus se vira para seu último (e único) defensor.

Àquela altura, os amigos que comiam em sua mesa já O haviam abandonado, mas o Mestre é adorado no mais difícil momento de sua vida.

E sorri.

Um sorriso sujo de sangue, suor e lágrimas, mas, acima de tudo, repleto de Graça.

Naquele instante, o ladrão compreende: Não está ao lado de um carpinteiro, mas de um Criador.

Sim, aquele Homem era o Filho de Deus.

Algo em seu coração lhe dizia que o prisioneiro era, na verdade, Rei.

Com a máxima ousadia que consegue reunir, o (ex) bandido clama:

- Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino.

Posso imaginar o coração daquele homem disparando sob o peito machucado.

O que Jesus faria?

Riria do malfeitor?
Ignoraria o marginal?
Rejeitaria o rejeitado?

Não.

Ele estava prestes a amar o odiado e perdoar o pecador.

Incapaz de resistir à uma oração, o Mestre sorri mais uma vez e responde:

- Ainda hoje você estará comigo no Paraíso.

No mais infeliz de todos os momentos, Jesus doa uma pitada de Felicidade.

O condenado estava liberto.

Em meio às Trevas, brilha a Luz.

Poucos minutos antes de morrer, Jesus promete o Céu a um bandido e deixa a sua Mensagem:

- Não importa quem você é. O que importa é quem eu sou.

***

Gosto de refletir sobre as diferentes reações dos dois ladrões.

Os dois sofriam a mesma dor.

Os dois viram o mesmo Jesus.

Apenas um, porém, foi salvo.

Um olhou para as próprias feridas e decidiu ferir.

O outro, olhou para as próprias feridas e decidiu amar.

Um foi orgulhoso demais para pedir socorro.

O outro foi humilde demais para deixar de pedir.

Um morreu sozinho.

O outro morreu com o Rei.

Um não recebeu nada.

O outro recebeu tudo.

Existe um Reino à sua espera.

 

Como você tem reagido à Dor?

Como você tem utilizado seus Sofrimentos?

As lágrimas te aproximam ou te afastam de Cristo?

A resposta a essas perguntas definirão que tipo de "ladrão" você será.

E, principalmente, definirão para onde você irá...