4 de dezembro de 2011

A Síndrome de Noel

Imagine esta hipótetica situação:

Após (angustiantes) 364 dias de espera, seu Aniversário finalmente chegou!

Deliciosamente satisfeito, você inicia os preparativos para a festa de arromba e começa a imaginar quais presentes receberá dos parentes, amigos, colegas e dos (inevitáveis) desconhecidos que aparecerão.

Casa decorada, salgadinhos prontos, vela no bolo e hora da festa.

Você está à porta, esperando a chegada de seus convidados.

...

Dez minutos se passam.

"Que falta de pontualidade!", você pensa.

Vinte minutos se arrastam.

"Será que estão sem relógio?"

Trinta minutos se rastejam.

"Houve algum acidente na estrada?"

Após quarenta minutos, enquanto começa a considerar a hipótese do Apocalipse ter acontecido e ninguém ter te avisado, você é surpreendido por sons.

Som de vozes animadas.

Som de música alta.

Som de festa.

E vem da casa do vizinho! Seria ele seu "Companheiro de Aniversário"?

Curioso (e entediado), você espia pela fresta da janela e o que vê te faz quase desabar no chão.

As vozes vem dos seus convidados.

A música é a sua preferida.

A sua festa foi oferecida a ele.

Quanto a você...

Bem, pela animação do pessoal da casa ao lado, parece que você terá que passar o Aniversário sozinho.


***
Creio que é mais ou menos assim que Jesus se sente no Natal.

Talvez você não saiba (se depender da Mídia, você nunca saberá), mas o Natal comemora o nascimento de Cristo.

(Espero sinceramente que nenhum jovem da "Geração Facebook" tenha desabado no chão neste momento)

Mas, se o "Aniversário" é de Jesus, por que oferecemos a festa a outro?

Basta andar pela cidade para entender a frase acima.

Nas ruas, você verá luzes, pisca-piscas, ofertas, promoções, lojas lotadas, renas, bonecos de neve e... ele.

O "vizinho" de Cristo.

Aquele que não tinha nada a ver com o Natal, mas acabou se tornando a estrela da Festa.

Aquele que roubou do Aniversariante a atenção de seus convidados.

Aquele que atende pelo nome de...

Papai Noel.

Ou simplesmente Noel, se você, assim como eu, se recusa a chamá-lo de "papai".
  
 
***

Neste momento, peço que as crianças não sejam retiradas da frente do computador.

Estou prestes a dizer a realidade a respeito deste "velhinho bondoso" e elas precisam ser informadas.

Noel, na verdade, não passa de um Penetra (talvez o maior da História)!

Se o Aniversário é de Cristo, por que as crianças pedem presentes a Noel?

Se o Aniversário é de Cristo, por que os Shoppings não vestem alguém de Jesus?

Se o Aniversário é de Cristo, por que não aproveitamos a data para falarmos sobre (e vivermos como) Ele ao invés de cultuar ao Bom (?) Velhinho?

Noel é o vizinho intrometido que roubou os convidados do verdadeiro aniversariante.

E, infelizmente, ele tem dado festas de arromba...

***

Ano passado flagrei uma cena que serve como álibi para minha Tese.

Na sala de espera de um consultório médico, uma pequena menininha perguntou à sua mãe:

- Mãe, Jesus é Papai Noel?

Consigo entender porque a pobre criança estava confusa.

A professora lhe havia dito que o Natal era o "Aniversário" de Jesus, mas ao sair às ruas, a menina só via a imagem do Penetra.

Que Aniversário estranho era aquele? Será que Jesus se vestia de Noel?

Sua mãe, mal-humorada (talvez por simplesmente não saber a resposta), limitou-se a dizer:

- Não. E agora fique quietinha aqui no meu colo...

A dúvida daquela garotinha reflete o que gosto de chamar de "Síndrome de Noel".

Sim, acredite:

Por trás da barba branca e das renas disciplinadas se esconde uma perigosa mazela da mente humana.


***
Jesus.

Pense rapidamente em três palavras ligadas a este Nome.

Provavelmente você respondeu:

Amor
Sacrifício
Cruz

E é justamente o "peso" destas palavras que faz a humanidade optar por ir à Festa de Noel.

A vida de Cristo nos faz refletir sobre nossa própria vida.

O Amor de Jesus nos lembra de quem somos.

O Sacrifício de Jesus nos lembra de quem temos sido.

A Cruz de Jesus nos lembra de quem deveríamos ser.

Confrontador demais, não é?

Que tal entregar o papel de Protagonista a um velhinho preguiçoso que trabalha apenas um dia por ano?

Afinal de contas, Noel entrega os presentes de nossas crianças (Acho que ele recebe comissão das lojas de brinquedos) e, como um bônus, não interfere em nosso "mundo de adultos".

Não é exatamente isso que queremos?

Surge então a Síndrome de Noel, que possui diversas definições, tais como:

1 - Tendência de desejar se esquecer do que é Real, camuflando-o com o Falso

2 - Predileção pelo Fácil, rejeitando o Difícil

3 - Optar pelo Passageiro, evitando pensar no Eterno

Op's. Acho que toquei no chamado "nervo exposto".

Talvez esta Síndrome esteja atingindo diversas áreas de sua vida.

Sua visão sobre si mesmo está embaçada.

Ciente de suas dores e incapaz de lidar com elas, você decide esquecer (ou, para ser mais exato, fingir que esqueceu) seu verdadeiro eu.

E então, anualmente, você enfeita a árvore e finge que está tudo bem.

Por trás dos sorrisos, porém, está o choro.

Escondido sob o champanhe, está o fel.

No entanto, você não quer lidar com isso justamente no Natal.

Por isso, segue sendo frequentador assíduo das divertidas (porém inúteis) Festas de Noel, deixando de lado a dolorosa (porém transformadora) Festa de Cristo.

Afinal de contas, é bem mais fácil receber em casa um velhinho canastrão do que um Deus que morreu por você...

Ho, ho, ho.

2 comentários:

  1. Muito bom!
    Esse post me serviu de inspiração para fazer na catequese com minhas crianças.
    Que Deus os abençoe!

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  2. Deus abençoe, http://apocalipse8.blogspot.com/
    Posso pedir sua ajuda, fiz esse blog com a missão de levar o evangelho, sincero e pleno divulgar o trabalho evangelístico...
    me ajude a divulgar, estou começando,
    mais a diante colocarei videos, documentários que vão motivar jovens a pregar no maior púlpito, as ruas. Gostei de mais da sua publicação e Gloria a Deus.

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