Porque Recebi Helen

- Qual é a pauta de hoje, 16 de julho de 2009, Senhor Todo-Poderoso? – Perguntou Graciliano, com um grande rolo de pergaminho e uma pena nas mãos.

Graciliano era um simpático e poderoso querubim, encarregado de registrar diariamente os locais para onde seus subordinados seriam enviados a guerrear para a Glória do Santo e em prol dos santos.

- Bem, Graciliano, hoje quero que você envie dois anjos ministradores a Varginha-MG.

- Sim, Santíssimo. – Respondeu Graciliano, tomando nota das instruções. – Com qual finalidade?

- Hoje um dos meus casais mais amados se verão pela primeira vez. Colocarei amor no coração de ambos e farei com que tudo coopere a favor deles. Agirei de uma maneira tão esplendorosa e surpreendente que eles usarão seu relacionamento para minha Glória para o resto de suas vidas.

- Sim, Senhor do Universo.

- Quero um anjo ao lado de cada um, blindando-os contra todas as retaliações de Satanás. Eu mesmo já estou lá, unindo suas almas e colocando o amor em seus corações.

- Certo, Senhor. Os anjos já foram enviados segundo a Sua Palavra. Apenas confirme para mim o nome do casal, para que eu registre.

- Arthur e Helen. – Respondeu o Senhor, sorrindo.

Graciliando era um querubim extremamente controlado e metódico, mas não resistiu ao impacto da notícia e deu um grande borrão de tinta no pergaminho, tamanho o susto que levara.

- Algum problema, Graciliano?

- Não, Altíssimo. Tu és Onisciente e sabe de todas as coisas, mas...
- Mas?

- A Helen não é aquela garota...
- Escolhida minha para um Obra grandiosa? Sim, é ela.

- E ela também não é...
- Linda e dedicada ao meu Serviço? Sim, ela mesma.

Graciliando pigarreou, tossiu, e por fim, fez a pergunta:

- E porque a escolha do Arthur como marido dela? Não havia outro? Ele mora longe dela e é tão...

- Ele é tão amado quanto ela, Graciliano. E, quanto à escolha dele, eu não tive opção.

- Como assim não teve opção, Senhor Onipotente?

- Escrevi em Gálatas 6:7 que tudo aquilo que homem plantar, ele colherá. E você bem sabe que não posso mentir e nem negar-me a mim mesmo!

- Claro, Majestade Santa.

- Pois então! Arthur plantou orações, deu passos de fé e creu em mim. Agora será surpreendido por uma colheita além de tudo aquilo que imaginava que receberia. Humanamente falando, ele não a merece, mas meu Nome está por trás dele e preciso honrá-lo.

- Entendi, Senhor dos Exércitos.

- Há algo que poucos humanos descobrem, Graciliano. E o Arthur receberá o melhor da terra, independente de todos os seus pecados, justamente porque descobriu.

Graciliano permaneceu em silêncio, aguardando a revelação.

- Meu maior compromisso na Terra é glorificar ao meu Nome. Portanto, aqueles que levam o meu Nome, que decidem viver uma vida de obediência e proclamação da minha Palavra, simplesmente não podem deixar de serem abençoados! Eu e meus filhos temos uma grande aliança, mas essa aliança não é maior do que a que eu tenho comigo mesmo! Não posso negar-Me, não posso fechar as portas que prometi abrir...

- Então isso explica a bênção do Arthur! – Exclamou Graciliando, recolhendo o pergaminho do chão e recomeçando a escrever.

- Sim, Graciliano. O segredo da bênção não está no Arthur e sim em Mim! Arthur recebeu a melhor namorada que poderia ter, porque decidiu me representar na Terra e, você bem sabe, que meus representantes devem ser obrigatoriamente vitoriosos.