Nunca conseguirei descrever o que senti ao entrar naquela casa.
Tudo nela irradiava Paz, Amor, Perfeição. Cada cantinho dela me trazia Segurança.
Comecei a percorrê-la lentamente, apreciando cada detalhe, e percebi que a casa não era luxuosa, mas parecia ter tudo que uma casa deveria ter. Aliás, parecia ter sido feita sob medida para mim.
A sensação de segurança me acompanhava enquanto eu explorava cada cômodo. Deparei-me com uma sala com poltronas bonitas e aparentemente confortáveis, de frente para uma lareira. O que mais me chamou a atenção, porém, foram os livros. Havia uma parede repleta de prateleiras com meus livros preferidos!
Ah, eu poderia passar uma eternidade naquela sala! Resolvi, antes disso, porém, conhecer o restante da casa.
Encontrei uma cozinha, onde aromas de uma comida deliciosa despendiam-se das panelas. Sem conseguir conter minha curiosidade, abri a geladeira e o que avistei fez meu coração parar por um instante: Ela estava recheada com meus pratos prediletos!
Continuei a andar pelos cômodos, encantado com aquela exploração. Percebi que a casa não tinha janelas, mas era dominada por um aconchegante friozinho que me refrescava a alma. Além disso, seu silêncio era acolhedor.
Olhei para uma das paredes e não consegui sufocar um grito.
- Oh, meu Deus! – Exclamei.
A parede estava tomada de belíssimos porta-retratos e as fotografias neles contidas me deram uma certeza: Aquela casa havia sido construída para mim!
Havia uma foto do dia em que nasci, uma foto de meus natais em família, a foto do dia em que aceitei a Jesus, outra (linda!) do dia em conheci Helen, uma do dia em que criei o Blog, e muitas outras, todas retratando dias maravilhosos.
Não sei quanto tempo passei olhando para aquelas fotografias, mas fui possuído por um encantamento por quem havia construído aquela casa.
“Nossa, esse construtor fotografou todas as minhas vitórias! Que atitude tão amorosa foi reuni-las neste mural!”, pensei.
- Arthur, venha aqui. - A Voz disse.
A Voz parecia vir de cima e pela primeira vez notei que havia uma pequena escada, na parede oposta, que levava a um andar superior.
A Voz era calorosa e gentil e eu me virei em direção à escada.
Surpreendentemente, porém, notei que a escada destoava completamente do restante da casa. A escada parecia em ruínas, exalava um cheiro ruim e cada degrau parecia anunciar uma tragédia. Nada belo nem convidativo.
Decidi que não iria subi-la, preferia permanecer naquela casa maravilhosa. Ora, se o andar de baixo era lindo e me bastava, por que eu me arriscaria a conhecer o que havia em cima?!
Resolvi voltar para a sala e ler um bom livro, quando ouvi A Voz novamente.
- Arthur, estou te esperando. Venha...
Parei, por um instante, refletindo em minhas opções.
Permanecer ali embaixo, naquele espaço maravilhoso, parecia ser a coisa certa a fazer. Além disso, aquela escada tinha uma péssima aparência e...
Por outro lado, porém, tinha que admitir que A Voz mexia comigo. Uma Voz amiga, saudosa, amável, quase irresistível.
“Se A Voz me chamar de novo, eu vou...”, pensei comigo mesmo, enquanto me dirigia de volta à sala.
Foi como se A Voz pudesse ler meus pensamentos, pois uma fração de segundo depois, ouvi:
- Arthur, não tenha medo. Suba até aqui!
Parei e, resignado, subi a escada lentamente. Eram menos de dez degraus, mas a jornada me pareceu interminável. A cada levantar de pés, me sentia mais distante da Paz da "minha" casa.
A escada terminava ante uma porta de ferro, com um grande cadeado na fechadura.
- Apenas abra a porta, Arthur. - Disse-me A Voz novamente. - Parece trancada, mas não está.
Puxei a porta e vi que A Voz tinha razão. O cadeado caiu aos meus pés e eu entrei.
Jamais conseguirei descrever com exatidão o que avistei lá...
CONTINUA...
Enquanto a Parte 2 não chega, reflita:
Quem construiu a casa?
Quem é A Voz?
Aguarde por um final abençoador, transformador e inspirador!
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